Ode da rapariga no quarto
aqueles corações honestos corta-se pelo frio
não têm o beneplácito do sol nem a solução
da ferocidade da lua e moram em corpos tristíssimos
peões incapazes de saltarem para o cavalo
que os levasse à torre. moram em mentes
de artistas da rua da amargura
em filhos únicos que morrerão sem descendência
em poetas que não têm Shelley como advogado
e que a idade começa a pesar no de outrora ouro esbanjado.
a honestidade da impenetrável neve
a descer num balão de ar frio sobre o quatro de rapariga
com a decoração da adolescência
o urso em cima do guarda-roupa
a secretária com os dicionários
aquele lugar que a torna inabitante
incapaz de adequar um corpo que cresceu com formas
e sem forma de ser de novo expelido.
a beleza do cheiro que há nas flores
que há no recôndito calor do corpo às sombras consigo
a acumular o pó que seria só dos móveis
aquele corpo deitado como se pousasse para Matisse
num fim de tarde e meticulosamente
retirasse o coração e o pusesse na cabeceira
alegando o descanso cinco minutos só
que a acordasse no fim do quadro
ou no fim da vida cinco minutos só
de absoluta nudez.
não têm o beneplácito do sol nem a solução
da ferocidade da lua e moram em corpos tristíssimos
peões incapazes de saltarem para o cavalo
que os levasse à torre. moram em mentes
de artistas da rua da amargura
em filhos únicos que morrerão sem descendência
em poetas que não têm Shelley como advogado
e que a idade começa a pesar no de outrora ouro esbanjado.
a honestidade da impenetrável neve
a descer num balão de ar frio sobre o quatro de rapariga
com a decoração da adolescência
o urso em cima do guarda-roupa
a secretária com os dicionários
aquele lugar que a torna inabitante
incapaz de adequar um corpo que cresceu com formas
e sem forma de ser de novo expelido.
a beleza do cheiro que há nas flores
que há no recôndito calor do corpo às sombras consigo
a acumular o pó que seria só dos móveis
aquele corpo deitado como se pousasse para Matisse
num fim de tarde e meticulosamente
retirasse o coração e o pusesse na cabeceira
alegando o descanso cinco minutos só
que a acordasse no fim do quadro
ou no fim da vida cinco minutos só
de absoluta nudez.
4 comentários:
isto dava um belíssimo livro de cabeceira... :)
ana: queres gravar os teus rabiscos para uma emissão na ruc?
bisou *ines saraiva
já terão um ouvinte.
eu apoio essa iniciativa
Foi adiado o lançamento ... E o livro ? Eu quero o livro !!!
obrigada, inês. bem, isso seria assim uma honra, puff, sem tamanho. depois mando mail com calma.* rc, obrigada mesmo. francisco, o seu está guardadíssimo para uma boa ocasião, talvez quando o ricardo e os amigos voltarem a pôr o tagv a tocar coisas lindas.
ricardo, desculpa usar a tua caixa de comentários.. eh eh*
beijinhos a todos (splin)
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