Vidro Azul ("Blue Glass")


Vidro Azul ("Blue Glass"): its broadcastings began in RUC-Radio University of Coimbra, later extending to Radio Radar and Radio SBSR. In its two-hour duration, this author’s project explores melancholic sonorities also experimenting, boundarylessly, with beautiful ethereal landscapes. Through several genres ranging from folk, glitch, indietronica, neoclassical, ambient, jazz, indie pop, minimal among others, themes are blended in an intentional attempt to create a coherent harmony.


quinta-feira, setembro 27

Mesa comprida de ponta preenchida em tapete de mofo perfumado: dois pares de inquisidores nas margens e mãe de peito vazio e fungado com menina linda e desnutrida a balançar no extremo de nós. Eu, eu só te via a ti e a ti te desviei origem e aquele afecto, Adriana. De nariz tapado, escalavas o corrimão que chegava ao pescoço da tua mãe; torcias-te num sorriso de toneladas a alvejar a sentença e a saudade dos meus filhos. Se falasses!
Sabes, disseram-me com livros e quadrados brancos que amar não chega e sempre que se gosta mas não se sabe estimar se presume desunir. E assim segues sem viagem – apenas partida - na mudez da idade e de mãos a pedir o colo que não pude oferecer.
Não me queiras mal que é por ti que desadoro as manhãs que se estreitam de ilusão nos dias todos dos maus dias que os dias teimam sem descolar: e tantas as ruas que se nos apertam. E os teus braços estendidos.

1 comentário:

Anónimo disse...

a sensibilidade de sempre.
ternura sem freio pode ser uma coisa.. assim.

flores,
gi.