Há uma clareira que apodrece ao lado da casa onde durmo. À superfície uma grande ave cor de cinza guarda os bichos e o tempo que endurece os meus olhos. Aqui não entardece como na cidade velha: não há rio reflector e o sol desce depressa - num mergulho impenetrável. Os carros arrumam-se como as mãos nos bolsos e aventa pouco porque as árvores fugiram e nada mexe. Nada!
A memória pode ser coisa boa, dizem... mas falta o cheiro e este silêncio não fala a música das ruas estreitas nem dos candeeiros bonitos que alindavam de sombras as janelas (as janelas são os ombros das casas). Sei de uma estrada longa e um pouco de demora.
A grande ave foi agora.
Vidro Azul ("Blue Glass")
Vidro Azul ("Blue Glass"): its broadcastings began in RUC-Radio University of Coimbra, later extending to Radio Radar, and now on Radio SBSR. In its two-hour duration, this author’s project explores melancholic sonorities also experimenting, boundarylessly, with beautiful ethereal landscapes. Through several genres ranging from folk, glitch, indietronica, neoclassical, ambient, jazz, indie pop, minimal among others, themes are blended in an intentional attempt to create a coherent harmony.
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