à rua de um homem de rua
trazia uma pulseira branca de plástico / a imitar uma promessa / de asilo azul, / um número gasto. /// dormia à entrada de uma porta estranha / de sono ébrio, coração esquecido, / barba por fazer e a vida a dar horas. /// só o medo não me fez tocar na mão / a segurar um abandono de fio de prata / e contar-lhe as feridas com os beijos possíveis. / (um coração esquecido de si é fácil de esquecer), / mas quando a rua grita e aflige com a náusea / das flores que nunca cobrirão os sete palmos de terra, / é impossível anoitecer como homem igual. /// e lembrar-me que o corpo é todo o mesmo / e triste assim. /// a polícia veio / e pôs uma sirene no lugar do estranho. / a porta fechada, nas frestas / nenhuma respiração quis sentir o perfume / doído. /// e lembrar-me que o corpo é todo o mesmo / e triste assim / quando não há o que vestir / e não se tem mais dentes para amar ninguém / nem fome de casas, / nem sombra mesmo.
da ana
Vidro Azul ("Blue Glass")
Vidro Azul ("Blue Glass"): its broadcastings began in RUC-Radio University of Coimbra, later extending to Radio Radar, and now on Radio SBSR. In its two-hour duration, this author’s project explores melancholic sonorities also experimenting, boundarylessly, with beautiful ethereal landscapes. Through several genres ranging from folk, glitch, indietronica, neoclassical, ambient, jazz, indie pop, minimal among others, themes are blended in an intentional attempt to create a coherent harmony.
1 comentário:
menino rima * ....
obrigada, tu és um amigo muito muito amigo e especial :)
tenho ouvido a tua última emissão inúmeras vezes... de um frio que aquece.
um coração em papel de prata para a família mariano* para ti, a tua menina e os teus meninos-pini-pons*
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