Tenho o olhar preso aos ângulos escuros da casa / tento descobrir um cruzar de linhas misteriosas, e / com elas quero construir um templo em forma de ilha / ou de mãos disponíveis para o amor.... // na verdade, estou derrubado / sobre a mesa em fórmica suja duma taberna verde, / não sei onde / procuro as aves recolhidas na tontura da noite / embriagado entrelaço os dedos / possuo os insectos duros como unhas dilacerando / os rostos brancos das casas abandonadas, á beira mar... // dizem que ao possuir tudo isto / poderia Ter sido um homem feliz, que tem por defeito / interrogar-se acerca da melancolia das mãos.... / ...esta memória lamina incansável // um cigarro / outro cigarro vai certamente acalmar-me / ....que sei eu sobre as tempestades do sangue? / E da água? / no fundo, só amo o lodo escondido das ilhas... // amanheço dolorosamente, escrevo aquilo que posso / estou imóvel, a luz atravessa-me como um sismo / hoje, vou correr à velocidade da minha solidãoal berto - nasceu em Coimbra (disse-a muito e invisível), morreu há dez anos.
3 comentários:
um grande, grande poeta.
(deixei uma coisa para ti, lá no blue molleskin, um desenho que recordei ao ver a fotografia de 12 de junho)
...
(ana)
que os dias te sejam limpos...também.
abraço em tons de azul escuro.
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