Vidro Azul ("Blue Glass")


Vidro Azul ("Blue Glass"): its broadcastings began in RUC-Radio University of Coimbra, later extending to Radio Radar, and now on Radio SBSR. In its two-hour duration, this author’s project explores melancholic sonorities also experimenting, boundarylessly, with beautiful ethereal landscapes. Through several genres ranging from folk, glitch, indietronica, neoclassical, ambient, jazz, indie pop, minimal among others, themes are blended in an intentional attempt to create a coherent harmony.


sábado, novembro 6

Sofia és o meu texto mais longo e, no caminho, sobre um candeeiro intermitente a primeira estrela.

Não basta apenas chegar e de ti nunca parti.
Hoje não chove e a música borboleteia - coteja - à minha frente a fotografar o silêncio.
Tento à estrada que me anda (regressa-me) o pedaço certeiro da noite e as palavras que só vêm quando os dedos cegam: tudo à velocidade das coisas invisíveis que se despedem no lado de fora dos meus olhos. Nunca pedi nada - só não ensurdecer -, nem a curva repentina nem nada, mas, agora, quero saber-te como chuva divina ou resto de frio. Falta menos de pouco para os teus cabelos no meu ombro; e tu a dormir... sereníssima. Silêncio.
A música segue e o caminho encolhe... voam árvores, luzes rápidas e o espectro infeliz dos cães com o avesso ao relento de alma apagada a tapetar as bermas: o mundo nunca chora.
Ainda não tinha reparado nos candeeiros da nossa rua - feia -, bonitos, cediços... ali, calados de uma luz rara, discretos, a serem ângulo de um vento mais antigo que a nossa memória.
Hora certa dos teus olhos - desabotoados - a um metro de mim. E a música a sobreviver no ressoar do teu beijo.

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