
Não há néon de cabeceira ou estridente assassino capaz de explodir os meus olhos à força da luz. Estou acordado e, lentamente, destapo o braço direito do peso do meu peito, depois a dormência, depois a vontade. Já é tarde; lá fora, na rua dos candeeiros apagados, acendeu-se o dia mais uma vez. Custa-me saber este quarto sem os teus cabelos a pentear as minhas mãos, sem o teu ensaio de voz a despertar os sentidos que erram, ainda, no sonho iníquo da minha morte - escalo um monte, sou loiro e pequeno, até cair.
O esqueleto não se desprende, parece tão descalcificado como o lençol que tacteio na ânsia do teu nome. Só desabotoarei os olhos a um segundo dos teus.
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